Manet/Degas I No Metropolitan Museum of Art

Manet/Degas I No Metropolitan Museum of Art

Vai ser inaugurada a 24 de setembro de 2023, a primeira grande exposição que destaca o diálogo artístico entre Manet e Degas no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. Anteriormente a mostra Manet/Degas esteve patente no Museu d’Orsay de 28 de Março a 23 de Julho de 2023.

Cerca de 160 pinturas e trabalhos em papel, incluindo obras-primas foram cedidas

para destacar a amizade e rivalidade entre estes dois gigantes da arte francesa do século XIX.

Édouard Manet (1832-1883) e Edgar Degas (1834-1917) eram amigos, rivais e, por vezes, antagonistas, cujo trabalho moldou o desenvolvimento da pintura modernista em França. Ao examinar as formas como as suas carreiras se cruzaram e apresentando o seu trabalho lado a lado, esta mostra oferece um novo olhar como os seus objectivos artísticos e abordagens artísticas se sobrepunham e divergiam.

Através de 160 pinturas e trabalhos em papel, a mostra: “Manet/Degas” apresenta as interacções destes dois artistas no contexto das relações familiares, das amizades, dos círculos intelectuais e dos e acontecimentos sociopolíticos que influenciaram as suas escolhas artísticas e profissionais, aprofundando a compreensão de um momento-chave da história da arte francesa do século XIX.

A exposição é organizada pelo The Metropolitan Museum of Art e pelos Musées d’Orsay et de l’Orangerie, Paris.

Manet/Degas

Acerca do evento, Max Hollein, Diretor francês do Metropolitan Museum of Art, afirmou:  “Manet e Degas produziram algumas das obras mais provocadoras e admiradas da arte ocidental. Ancorada nos acervos inigualáveis do seu trabalho nas colecções do Metropolitan Museum of Art e do Musée d’Orsay, para além de mais de 50 obras que foram cedidas de outras instituições e coleccionadores individuais, esta exposição oferece uma nova perspetiva fascinante sobre esta dupla de artistas.”

Entre os empréstimos para a exposição destacam-se a inovadora “Olympia” de Manet, que viajou para os Estados Unidos pela primeira vez na história da obra, assim como o “Retrato de Família” (A Família Bellelli) recentemente conservado de Degas, do Museu d’Orsay. Quatro desenhos de Manet feitos por Degas – dois do Musée d’Orsay e dois do Metropolitan Museum of Art – são reunidos com gravuras raras e relacionadas. Estão expostos ao lado de “Monsieur e Madame Édouard Manet” de Degas (Museu Municipal de Kitakyushu), um presente para os assistentes que Manet cortou mais tarde, marcando assim um primeiro ponto de ruptura.

Os pares integrais de obras dos dois artistas que mostram o seu tratamento de temas semelhantes da vida moderna incluem o “Café” (The Absinthe Drinker) de Degas (Musée d’Orsay) e “Plum Brandy” de Manet (National Gallery of Art, Washington, D.C.), assim como “The Races at Longchamp” de Manet (Art Institute of Chicago) e “Racehorses before the Stands” de Degas (Musée d’Orsay).

A exposição apresenta muitas obras que pertenciam anteriormente à colecção de Degas, incluindo “A Execução de Maximiliano” (The National Gallery, Londres), de Manet, que foi metodicamente remontada por Degas depois de ter sido cortada em pedaços e dispersada após a morte de Manet.

Stephan Wolohojian, co-curador da exposição e curador John Pope-Hennessy responsável pelo Departamento de Pinturas Europeias, afirmou: “Embora a correspondência escrita entre Manet e Degas seja escassa, a sua produção artística diz muito sobre a forma como estes grandes artistas se definiram um com o outro e um contra o outro. Esta exposição alargada de dossiês constitui uma oportunidade única para avaliar a sua relação fascinante através de um diálogo entre as suas obras.”

Ashley Dunn, co-curadora da exposição e curadora associada do Departamento de Desenhos e Gravuras, acrescentou: “As obras em papel são parte integrante da sua história, uma vez que os dois artistas se conheceram alegadamente no Louvre, onde Degas estava a trabalhar numa gravura a partir de uma pintura atribuída a Velázquez, uma obra que Manet também copiou. A exposição constitui uma excelente oportunidade para avaliar a forma como Manet e Degas trabalharam de uma forma diferente em todos os suportes”.

 Degas desenvolveu um estilo rigoroso de desenho e um respeito pela linha que ele manteria ao longo da sua carreira. Os seus primeiros trabalhos independentes eram retratos e pinturas históricas, mas no início da década de 1860, começou a pintar cenas da vida moderna, começando pelo mundo das corridas de cavalos. No final da década de 1860, voltou sua atenção para o teatro e o ballet.

Em 1873, Degas juntou-se a outros artistas que estavam a organizar exposições independentes sem júris. Ele tornou-se um membro fundador do grupo que seria conhecido como impressionistas, participando com seis exposições impressionistas entre 1874 e 1886.

​Apesar da sua longa e proveitosa associação com os impressionistas, Degas considerava-se realista. O seu foco em temas urbanos, luz artificial e desenho cuidadoso distinguiam-no de outros impressionistas, que trabalhavam ao ar livre e pintavam os seus temas. Observador das cenas do quotidianas, Degas analisou incansavelmente posições, gestos e movimentos.

Degas obteve uma forte nitidez de imagens, um colorido preciso e intenso e uma composição bem estruturada. Por este processo, ele foi um criador de imagens, mais do que o reprodutor de elementos da Ópera de Paris. Estas imagens visuais, depositárias de valores plásticos e de grande qualidade pictórica, fizeram com que nós nesta revista tenhamos vibrado por trazer aos nossos leitores uma das muitas maravilhas da pintura – a do grande mestre Edgar Degas.

Manet observou e desenhou directamente com o pincel, até obter resultados seguros. A cor foi entendida à maneira dos venezianos, a partir de um ponto de vista tonal, isto é, nos seus valores de luminosidade e não nos claros escuros, assim, deste modo, desaparecia o modelado e as zonas de cor justapunham-se mediante uma pincelada rápida, reduzindo o claro escuro ao mínimo, descuidando a representação do espaço tridimensional, Manet obteve uma forte nitidez das imagens, um colorido preciso e intenso e uma composição bem estruturada. Por este processo, Manet foi um criador de imagens, mais do que o reprodutor de elementos da natureza. Estas imagens visuais, depositárias de valores plásticos e de grande qualidade pictórica, fizeram com que nós nesta revista tenhamos vibrado por trazer aos nossos leitores uma das muitas maravilhas da pintura – a dos grandes mestres Manet/Degas.

Theresa Bêco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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