Ramos Pinto I Uma Casa com uma História Fascinante

Ramos Pinto I Uma Casa com uma História Fascinante

A revista MOD&MODA este mês de Setembro, quis dedicar este número às vindimas e especialmente ao Vinho, destacando a empresa Vinho do Porto Ramos Pinto com uma história fascinante.

No cenário do Douro erguem -se as magníficas quintas da Empresa Ramos Pinto: Quinta do Bom Retiro; Vinha da Urtiga: Quinta com Vinhas Centenárias: Quinta dos Bons Ares e; Quinta da Ervamoira.

História

Em 1880, o Adriano Ramos-Pinto com 21 anos fundou a empresa de Vinho do Porto, concentrando os seus esforços de venda e marketing no importante mercado brasileiro emergente. E rapidamente teve imenso sucesso com o vinho do Porto chamado Adriano, que era um pouco melhor e mais caro do que os rótulos que os brasileiros costumavam comprar e beber. Para além do seu sucesso, Adriano sabia como incentivar a sua marca. Fazia pequenos brindes publicitários como saca-rolhas, calendários e cachimbos para os seus clientes.

Quando queria criar cartazes que publicitassem o Vinho do Porto Ramos Pinto, solicitava artistas célebres ou mesmo alguns desconhecidos, tanto internacionais como portugueses. Sendo ele próprio um artista amador, conhecia a arte da época do “fin de siècle.”

Adriano Pinto Ramos muito empreendedor e viajado, deslocava-se frequentemente a Paris onde, nessa época, os cartazes publicitários propagavam pelas ruas, quer colados nas paredes dos edifícios, nos restaurantes, bares, cafés, quer nas vitrinas das lojas e grandes armazéns.

Ramos Pinto influenciado dessa cultura e sendo um homem com grande capacidade de trabalho e visão, aproveitou para dar a conhecer os seus vinhos, usando os cartazes publicitários que pelo seu estilo arrojado com figuras femininas fascinantes e cheias de beleza e sensualidade, que chamavam bastante a atenção.

Adriano contratou os melhores pintores portugueses e internacionais. destacando-se entre eles, além de Matteo Angello Rossotti, Leonetto Capiello e outro italiano de origem Sérvia, Leopoldo Metlicovitz.

Os desenhos eram uma tentação que não podiam deixar de ser observados por quem passava por eles.

O êxito das suas vendas foi de tal ordem, que em poucos anos mais de 50% do mercado vinho do Porto era dominado pelos vinhos Ramos Pinto.

os cartazes foram excelentes veículos de comunicação de Ramos Pinto, aliados a reconhecida qualidade dos seus vinhos do porto, criaram um mito que dura até actualidade.

A história fascinante desta casa revolucionou a região do Douro e, por consequência, o Vinho do Porto.

Para promover as vendas, Adriano recorreu a um marketing agressivo para a época. Acerca destes cartazes, Jorge Rosas Ceo da empresa Ramos Pinto, afirmou  “Ele tinha duas filhas que moravam em Paris e lá ele mandava fazer esses cartazes “Belle Époque”. E ele tinha entendido muito cedo que a imagem sensual ajudava a vender, apesar de o Brasil ser um mercado extremamente tradicional e puritano”, lembra Rosas, (Uma entrevista feita à revista ADEGA). Os cartazes eram mesmo provocativos, alguns polémicos, quase sempre com imagens de mulheres com seios à mostra e com uma palavra recorrente: tentação. Tudo sempre girava em volta da tentação. Há um cartaz em que o próprio Adriano Ramos Pinto está com um cálice de vinho e, atrás, há uma menina. Lá está dito: ‘tentação’ e não se sabe o que é tentação.

Outro cartaz/”A Tentação”, é um dos mais belos cartazes publicitários portugueses do princípio do século XX, feito com a arte de Leopoldo Metlicovitz (1868/1944), uma das obras encomendadas por Adriano Ramos Pinto entre 1905 e 1915 ao grande “designer”: “OS VINHOS DO PORTO A. RAMOS PINTO SÃO UMA TENTAÇÃO”.

Outro cartazTem até um dos três reis magos com mulheres meias nuas oferecendo o vinho de Ramos Pinto. Era um escândalo para a sociedade na época”, revela Jorge Rosas.

Jorge Rosas lembra ainda que uma das inovações que a Ramos Pinto trouxe ao Vinho do Porto e que se transformou num grande sucesso deve-se ao mercado brasileiro: o LBV – Late Bottled Vintage. “O Vintage não se adequou ao mercado brasileiro, pois tinha muito corpo, era muito tânico. E nosso principal mercado nos anos de 1920 era o Brasil. Então, em vez de engarrafar os vinhos no segundo ano, como nos Vintage, engarrafava no quarto ano para que o vinho arredondasse, evoluísse mais, e não fosse aquela bomba. Naquela época, os Vintage eram feitos com 40, 50 castas e, portanto, precisavam de muito tempo para estarem bebíveis”, afirma Rosas. Assim, em 1927, a empresa Ramos Pinto engarrafou o primeiro LBV de que se tem notícia”.

A família sempre tomou a dianteira do Vinho do Porto e da região do Douro no decorrer de sua história. José Ramos Pinto Rosas tem grande parte na preservação da cultura do vinho da região, assim como também na sua modernização. “Existem mais de 100 castas no Douro.

O Ceo da empresa Ramos Pinto completa: “Vinho do Porto é a arte do blend. Ter várias variedades dá uma dimensão única aos nossos vinhos, dá mais complexidade. Isso é o que faz Portugal diferente: vinhas velhas e essa variedade de castas. Mas era preciso estudar, não se podia ter 50 castas numa vinha e não saber o que havia lá. Até porque elas têm fases de maturação diferentes. Há 50 anos, esperava-se que tudo ficasse muito maduro e se vinificava assim. Fomos os primeiros a fazer blocos e análise de maturação”.

“A inovação e o pioneirismo são dois adjectivos para descrever como o tempo passou pela Casa Ramos Pinto. Um tempo que se mantém actual, tal a qualidade.” Ramos Pinto.

Theresa Bêco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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