Arte Sacra no Museu Nacional de Arte Antiga
Esculturas sagradas de Portugal enchem, dilatando-o, um dos espaços mais emblemáticos de Lisboa. Imagens em madeira, calcário, mármore, bronze e barro, realizadas por artificies portugueses ao longo dos séculos XIII a XIX, constituem a base desta fascinante exposição permanente no Museu de Arte Antiga. Através dela podemos percorrer os diversos cultos que seduziram os portugueses.
A iniciativa ficou a dever-se ao antigo director do museu, António Filipe Pimentel, bem secundado pela conservadora da área de escultura Maria João Vilhena.
O acervo do MNAA é constituído por cerca de 3000 esculturas, das quais cerca de 2000 são provenientes da colecção Ernesto Vilhena.
O forte núcleo medieval domina toda a exposição. As peças mais pequenas destinavam-se a cultos privados, encontrando-se em oratórios, enquanto as maiores ornamentavam maioritariamente os altares das igrejas.
A exposição documenta a evolução de toda a nossa escultura, notando-se a forte influência de artistas franceses, espanhóis e de Malines. Este facto foi provocado pela importação de peças e, mais tarde acompanhada pela vinda de artistas estrangeiros que trabalharam nomeadamente em Braga, Tomar, Coimbra e Funchal.
Virgens com o Menino
Os temas preferidos são as das imagens da Virgem, dada a popularidade do culto Mariano entre nós.
A devoção a Maria remonta ao século V, intensificando-se no século XII, através de representações de Virgens. Expectação, normalmente designada por Nossa Senhora do Ó, da Virgem da Piedade, da Virgem do Leite e da Virgem com o Menino.
Na exposição fazemos uma viagem entre a Idade-Média e o Neo-Clássico, percorrendo seis séculos da imáginária portuguesa.
Podemos ainda observar na exposição outros cultos marcantes, são os casos de São João Evangelista, Santissima Trindade, São Pedro, São Paulo, Arcanjo São Miguel, São Sebastião, São Jorge, São Tiago, Santo António, Nossa Senhora da Conceição, entre tantos outros.
A escultura profana encontra-se presente com obras de enorme qualidade, destacando-se a manuelina Fonte Bicéfala, a tampa do túmulo seiscentista e, por fim, o maquete do monumento a D. Maria I da autoria de João José de Aguiar, artista neo-clássico e discípulo de Canova.
A exposição integra-se na grande remodelação do MNAA.
António Brás