A Moda em Modelos I Fotografias dos Anos 1920/1930

A Moda em Modelos I Fotografias dos Anos 1920/1930

O Musée des Arts Décoratifs, em Paris por ocasião da “Paris Photo”, apresenta até 26 de Janeiro de 2025 a mostra: “A Moda em Modelos: Fotografias dos Anos 1920/1930 “. Esta exposição é um registo de modelos, um verdadeiro instrumento de luta contra a a contrafação no mundo da moda antes da guerra. Mais de 120 fotografias das colecções são confrontadas com silhuetas de moda e acessórios dos principais criadores, como Jeanne Lanvin, Jean Patou e Marcel Rochas, Madeleine Vionnet, Jeanne Paquin, e Elsa Schiaparelli.

Todos eles utilizaram este novo género de imagens, tiradas no local ou encenadas, para testemunhar o mundo que os rodeia ou encenadas, para testemunhar

a autenticidade de uma etiqueta parisiense. Depositadas no Musée des Arts Décoratifs em 1940, estas imagens únicas tornaram-se um recurso visual para as grandes casas de moda que frequentavam o museu em busca de inspiração, e de modelos.

A exposição é comissariada por Sébastien Quéquet, responsável pelas colecções fotográficas do Museu de Paris.

Artigos de imprensa, filmes e documentários relatam o fenómeno crescente da contrafação, por vezes de forma romântica, como no filme “The Pirates of Fashion”

de William Dieterle e Busby Berkeley (intitulado Fashions of 1934). Estes repositórios de modelos foram inspirados nas vistas frontais e laterais criadas pelo criminologista Alphonse Berlusconi.

O modelo de fotografia forense foi criado pelo criminologista Alphonse Bertillon na década de 1880, que mais tarde desenvolveu a identificação de impressões digitais.

Propriedade intelectual e industrial

Se o principal vector da moda é a fotografia de imprensa, mas existe outra iconografia tão pouco conhecida quanto misteriosa: os registos de desenhos e modelos.

Os registos de desenhos ou modelos são uma componente da propriedade industrial, tal como as patentes e as marcas. Registados no tribunal industrial ou na secretaria do tribunal até 1979, conferiam protecção jurídica a uma criação, permitindo a instauração de processos por infração em caso de cópia.

No início do século XX com o desenvolvimento da alta costura parisiense e, ao mesmo tempo, com a contrafação de que foi vítima, estas fotografias adquiriram o estatuto de

nos muitos processos judiciais de grande envergadura que lhes foram notícia, como o de Madeleine Vionnet em 1921.

Salvaguarda e renovação de um património visual

Esta excepcional colecção fotográfica, constituída nos anos 40, oferece um panorama visual surpreendente da moda e da alta-costura parisiense entre 1917 e 1934: são apresentados os maiores nomes, desde a mais antiga casa de moda Worth até Chéruit, Hermès, Callot Sœurs e Lanvin, passando por Edward Molyneux, Jean Patou, Jeanne Paquin, Lucien Lelong e muitos outros.

Nas imagens, uma certa história da moda

Muito rapidamente, a fotografia tornou-se um meio essencial para captar um modelo e uma colecção, abrindo um verdadeiro mercado para fotógrafos e estúdios no início do século XX. Numerosos depósitos dos modelos produzidos têm Man Ray, Gilbert René, Pierre Choumoff, Henri Manuel, Thérèse Bonney, Paul Méjat e Henri Martinie são apenas alguns dos exemplos mais famosos.

No entanto, estas fotografias, tiradas na intimidade do atelier, são menos apreciadas do que as impressões produzidas para a imprensa ou para exposições.

Destinadas a fins legais e de arquivo, nem sempre são assinadas por fotógrafos de renome e não apresentam actrizes e modelos famosas. No entanto, estas imagens constituem uma fonte rica de material para escrever uma história da moda e da fotografia de moda, para além de ajudarem a analisar a economia da moda e da fotografia de moda e também ajudam a analisar a economia de todo o sector.

Uma fotografia entre a função e a criação

A forma como estas imagens são encenadas revela o cuidado que se tem com o depósito do modelo.

Alguns costureiros criaram espaços pequenos e despojados nos seus estúdios, outros nos seus ateliers, outros criaram cenários mais inventivos como Madeleine Vionnet e o jogo gráfico de espelhos, enquanto outros colocaram os seus modelos em verdadeiros mundos compostos por peças de mobiliário e obras de arte, como os criados pela casa de moda, como por Paul Poiret.

Esta colecção de fotografias, nunca antes apresentada no Musée des Arts Décoratifs, levanta o véu sobre uma prática que marcou o mundo da moda no início do século XX.

O objectivo desta prática – proteger os modelos da contrafação – continua a ser uma questão candente hoje em dia, dadas as possibilidades oferecidas pela revolução digital e pela inteligência artificial.

Um novo tipo de imagem de moda: o registo de modelos

O depósito de modelos assume várias formas fotográficas: uma montagem de duas ou três fotografias que se torna um díptico ou um tríptico; um sistema fotográfico que combina várias objectivas; ou uma cabina angular composta por espelhos que mostram diferentes vistas do traje: frente, costas, perfil, como os realizados por Madeleine Vionnet. Estes depósitos contêm várias indicações sobre o seu estatuto jurídico: na frente, o número do modelo na colecção e, no verso, a assinatura e o carimbo do depositante. Também é possível ver a assinatura e o carimbo do fotógrafo e finalmente, a imagem inclui um número de série atribuído ao modelo no depósito.

Theresa Beco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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