Os Eduardianos I A Era da Elegância

A exposição, intitulada “Os Eduardianos: A Era da Elegância”, patente na “King’s Gallery”, a galeria pública no Palácio de Buckingham, em Londres destaca a elegância eduardiana, através das imagens de dois casais reais que definiram o estilo no início do século XX: Eduardo VII e a Rainha Alexandra, e o seu filho, Jorge V, e a sua mulher, a Rainha Maria. (Jorge V é o bisavô materno do actual rei da Grã-Bretanha, Charles III.)

Os visitantes podem admirar tiaras de diamantes, colares e outros itens reais brilhantes, que estão expostos desde 11 de Abril no Palácio de Buckingham e apresenta também uma selecção da enorme colecção real de arte, como móveis, pinturas e muito mais.

A Era Eduardiana (1901–1910) no Reino Unido foi um período de mudança significativa marcado pelo reinado do rei Eduardo VII, que sucedeu à rainha Vitória. Embora tenha sido curto, o reinado de Eduardo VII define esta era, que por vezes é alargada até ao início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Este período é considerado uma época de grande convulsão social e política, avanços tecnológicos e a ascensão da classe trabalhadora.

“O período eduardiano, como o concebemos, é muito glamouroso,” disse Kathryn Jones, curadora da exposição e curadora sénior de artes decorativas da Royal Collection Trust, a entidade beneficente criada em 1993 para gerir a colecção.

“A família real da época levava um estilo de vida incrivelmente opulento e, não frívolo, mas um tanto hedonista, participando de festas nos jardins, eventos desportivos e bailes de fantasia,”.

Cerca de metade dos 315 objectos de arte seleccionados para a exposição é exibida pela primeira vez, segundo Kathryn Jones, “ainda não tínhamos abordado o período eduardiano, porque a galeria onde as peças estão expostas foi só inaugurada pela Rainha Elizabeth II em 2002”.

Ela disse ainda, “que a exposição incluí a cigarreira de esmalte azul de Eduardo VII realizada por Peter Carl Fabergé, mostrando que os homens podiam “expressar-se artisticamente através dos seus acessórios para fumar, e ainda um leque de penas de avestruz “que a Rainha Alexandra usou na sua coroação, com diamantes nos bastões de sustentação”.

Segundo Kathryn Jones, “as joias desempenham um papel importante na narrativa da história da realeza: Tanto Alexandra quanto Mary são conhecidas pelas suas joias. Os retratos oficiais delas, mostram as peças que elas usaram. É algo que faz parte do reflexo delas. Alexandra, em particular, tem essa imagem incrivelmente glamourosa e, na época, era conhecida por ser uma líder da moda.”

“Às vezes, os membros da realeza participavam no design das joias, já que estavam a encomendar peças e enviando-as de volta para serem alteradas”, disse Kathryn Jones. Como exemplo, ela mencionou o elaborado colar Dagmar de diamantes, com sua cruz de ouro e esmalte, que foi dado a Alexandra, então princesa, por um primo, o rei da Dinamarca, por ocasião do seu casamento em 1863. “Quando chegou à Grã-Bretanha, ela o enviou à joalheria Garrard’s e mandou adicionar pérolas extras, o que mostra a sua intervenção pessoal”, disse Kathryn Jones.

A exposição, que vai até 23 de Novembro de2025, termina com os anos posteriores à Primeira Guerra Mundial. A morte e destruição provocadas pelo conflito trouxeram “uma percepção muito diferente da monarquia”, disse Kathryn Jones.

Exposição

Na mostra pode-se admirar pela primeira vez em mais de 30 anos de peças magnificas, como o deslumbrante vestido dourado de coroação da Rainha Alexandra, que está entre mais de 300 obras da Colecção Real que estão expostas na Galeria do Rei, no Palácio de Buckingham.

A exposição salienta as vidas luxuosas e os gostos refinados dos casais reais mais elegantes da Grã-Bretanha – o Rei Eduardo VII e a Rainha Alexandra, e o Rei George V e a Rainha Mary – durante um período de grande opulência e mudanças profundas, enquanto a Europa se aproximava cada vez mais da guerra e a Grã-Bretanha se encontrava à beira da era moderna.

Após os 40 anos de luto da Rainha Victória, a coroação do Rei Eduardo VII e da Rainha Alexandra foi concebida como um espectáculo público, marcando o início de uma nova era glamorosa para a família real. Apenas três dias antes da cerimônia, Eduardo precisou passar por uma cirurgia de emergência para tratar uma apendicite, adiando o evento por seis semanas. Quando a coroação finalmente ocorreu, em 9 de Agosto de 1902, tornou-se um dos eventos reais mais sumptuosos da história britânica. A exposição reúne, pela primeira vez, uma variedade de itens encomendados e usados pelo casal real para a ocasião.

Tradicionalmente, um vestido de coroação seria um traje branco ou creme simples, inspirado nas vestes eclesiásticas. No entanto, Alexandra era uma pioneira da moda, conhecida mundialmente pelo seu estilo. Ela escolheu um vestido dourado dramático, criado pela casa de moda parisiense Morin Blossier, liderada por mulheres, bordado com milhares de lantejoulas douradas minúsculas, desenhadas para brilhar sob as luzes eléctricas que haviam sido instaladas na Abadia de Westminster pela primeira vez em homenagem à ocasião.

Por sugestão de Alexandra, o vestido de coroação tornou-se o primeiro traje real a incluir os emblemas nacionais da Grã-Bretanha (rosa, cardo e trevo), uma tradição que continuou em todos os vestidos de coroação posteriores, incluindo os da Rainha Elizabeth II e da Rainha Camilla. Quarenta bordadeiras em Deli passaram cinco meses bordando a rede dourada do vestido, antes de ele ser enviado a Paris para ser sobreposto ao tecido de ouro e transformado no vestido final. O vestido, é raramente exibido, é muito frágil, e os conservadores dedicaram mais de 100 horas à sua preparação para exposição.

A curadora da exposição, Kathryn Jones, disse: “Embora tenha escurecido com o tempo, a escolha de Alexandra por um tecido dourado cintilante teria sido incrivelmente impressionante na coroação; há descrições em jornais da época, que referiram que a Rainha aparecia envolta numa extraordinária luz dourada, com o vestido brilhando sob a nova iluminação eléctrica. É um poderoso exemplo das tentativas de Eduardo e Alexandra de equilibrar tradição e modernidade enquanto estavam à beira do século XX: um momento brilhante de glamour antes de o mundo entrar em guerra.”

Alexandra cobriu-se de joias e pérolas para a coroação, incluindo um colar e brincos de diamantes que foram presente de casamento de Eduardo, agora expostos pela primeira vez, e o colar Dagmar, presente de casamento do Rei da Dinamarca. Também está em exibição, assim como o seu leque de penas de avestruz, com o cabo adornado com uma coroa de diamantes, a letra “A” e os emblemas nacionais.

Juntamente com o traje de Alexandra, os visitantes podem admirar o manto de coroação em tecido de ouro de Eduardo, os tronos encomendados especialmente para a ocasião e os retratos oficiais de Eduardo e Alexandra pintados por Sir Samuel Luke Fildes, com mais de três metros de altura. Assim como o vestido, os tronos representaram uma ruptura com a tradição real, tendo sido encomendados de uma empresa francesa, e não britânica, reflectindo o interesse de Eduardo pelo design francês.

O artista dinamarquês Laurits Tuxen foi nomeado “Artista Especial da Coroação” de Alexandra. Em exibição pela primeira vez em mais de um século, a sua pintura da nova Rainha ajoelhada para a unção capta tanto a magnificência quanto a solenidade do momento. A mostra apresenta mais quatro pinturas de Tuxen, incluindo uma representação inédita do casamento de Jorge e Mary na Capela Real do Palácio de St. James. Por cima das suas habituais roupas pretas de luto, a avó de Jorge, a Rainha Victória, pode ser vista usando a renda branca do seu próprio vestido de noiva, usado na mesma capela 50 anos antes. A Tiara Kokoshnik, usada por Alexandra — mãe de Jorge— na pintura, também está em exibição.

Os dois casais reais rodeavam-se de figuras da alta sociedade, vivendo num meio a um turbilhão de festas no jardim, concertos e bailes de fantasias. Os visitantes podem ver ainda lembranças desses eventos, desde um traje de “Maria, Rainha dos Escoceses”, usada por Alexandra num baile à fantasia em 1871, até um par de binóculos de ópera de ouro da Tiffany & Co, adornados com diamantes e pérolas. Paralelamente podem-se admirar os retratos em grande escala feitos pelos pintores da sociedade mais requisitados da época, incluindo Philip de László e John Singer Sargent, capturam a moda espectacular daquele período.

Além das grandiosas ocasiões reais, o evento destaca a vida doméstica dos casais. Entre os destaques estão fotografias de família tiradas por Alexandra com uma das primeiras máquinas fotográficas Kodak, e peças do grupo de esculturas de animais Fabergé encomendadas por Eduardo em 1907.

Todas as quatro figuras coleccionaram obras dos grandes artistas contemporâneos da época, entre as obras destacam-se  os dois retratos luminosos de Frederic Leighton, sendo um deles a primeira pintura adquirida por Eduardo aos 17 anos; e a pintura “After the Ball”, de Charles Baugniet, exibida pela primeira vez em mais de um século, que mostra a elegância e exuberância da época, com uma beldade da sociedade adormecida no seu vestido de baile, depois de dançar a noite toda.

Theresa Bêco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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