Johannes Vermeer  
O Pintor Holandês do Século XVII

A mostra de Vermeer é uma colaboração entre o Rijksmuseum que possui quatro quadros Vermeer e o Mauritshuis em Haia que possui três. 

À cidade de Amsterdão chegaram , de todos os cantos, muitos interessados para admirar as pinturas de Vermeer, que, no século XVII, conseguiu conferir nas suas obras uma comunhão plena de harmonia e de serenidade luminosa, através das técnicas inexcedíveis, de sombra e luz.

Este acontecimento agora patente no Rijksmuseum, reveste-se da maior importância, estão expostas vinte oito pinturas das 35 que Vermeer realizou durante a sua vida. As obras são provenientes de vários países – umas de instituições de arte e outras cedidas por particulares – que se transformaram num repositório impensável de concretizar.

Quanto às pinturas expostas, Gregor J.M. Weber, co-curador da mostra, comentou: ”Este conjunto de obras de Vermeer na área da pintura holandesa do século XVII, tornou-se num evento que só se realiza uma vez na vida . Em colaboração com o Mauritshuis em Haia, os patrocinadores e as entidades particulares que, generosamente, nos cederam algumas pinturas, pudemos apresentar uma bela colecção. Obras que, provavelmente, não teremos outra oportunidade de ver reunidas”.

Tanto Gregor J.M. Weber, co-curador da mostra, como Taco Dibbits director do Rijksmuseum, organizaram  e repartiram a exposição com as pinturas de Vermeer, em três temas – cenas do quotidiano, paisagens urbanas e alegorias – com a intenção de poder mostrar aos visitantes a variedade de trabalhos deste artistas.  Segundo o director do Rijksmuseum,  observou o seguinte: “Em todas estas pinturas, sobressai uma intemporalidade ,uma força serena que , em comparação com as tradições classicistas  do século XVII, se diferencia, principalmente, por este pintor representar, fielmente, as cenas do quotidiano do seu tempo”.

Ainda acerca da exposição, Gregor J.M. Weber, co-curador mostra de Vermeer, disse:“Ver tantas pinturas de Vermeer juntas é um momento magnífico e emocional, o seu trabalho sempre teve uma misteriosa aura sobre o mesmo, como na terra foi capaz de pintar estes milagres de luz e cor”.

Johannes Vermeer é célebre em todo o mundo pelas suas pinturas de cenas calmas em cenários domésticos, pela qualidade inigualável da sua luz luminosa e vibrante, e pelo seu impressionante uso do ilusionismo. Nunca antes tantas pinturas de Vermeer foram reunidas num só lugar. Esta é uma das maiores exposições de sempre dedicada exclusivamente ao mestre pintor de Delft, com um total de 28 quadros de países de todo o mundo, incluindo o Japão e os EUA. Este evento contribuiu para que estas obras fossem expostas  pela primeira vez nos Países Baixos, incluem três obras da Colecção Frick em Nova Iorque, assim como a recentemente restaurada “A Rapariga a Ler uma Carta numa Janela Aberta” da Gemäldegalerie Alte Meister em Dresden e “O Copo de Vinho”  da Gemäldegalerie, Berlim. Outros destaques incluem a mundialmente célebre “Rapariga com um Brinco de Pérola” dos Mauritshuis em Haia, “A Rendeira” do Musée du Louvre em Paris, e “Mulher com Balança” da National Gallery of Art em Washington DC.

Vermeer

Vermeer nasceu em 1632 na velha cidade industrial e comercial de Delft, e era filho de um estalajadeiro que também comercializava  obras de arte. Desconhece-se onde e com quem fez a sua aprendizagem, mas julga-se que tenha sido com o pintor Leonard Bramer, o qual, em 1653, foi padrinho do seu casamento com Catharina Bolnes. No entanto, os investigadores que  têm pesquisado a obra de este grande mestre, notam certas semelhanças com o pintor Pieter de Hooch , sobretudo relacionado com o efeito espacial nas telas. 

Vermeer era um artista holandês, que viajou para Itália, França, ou Flandres. Pode também ter recebido formação em algum outro centro artístico na Holanda, talvez Utrecht ou Amesterdão. Em Utrecht Vermeer teria conhecido artistas que estavam emersos nas tradições ousadamente expressivas de Caravaggio, entre eles Gerrit van Honthorst. Em Amsterdão teria encontrado o impacto de Rembrandt van Rijn, cujos poderosos efeitos de claro-escuro melhoraram a intensidade psicológica das suas pinturas.

A obra de Johannes Vermeer tem sido reconhecida, pelo intimismo e infinito encanto que ele coloca na pintura, represente ela “uma jovem com turbante”, “uma mulher com jarro de água”, uma cena de uma “rua sossegada em Delft” ou “ oficina do pintor”. Contudo, é a sensibilidade luminosa dos seus quadros, o colorido sereno e, simultaneamente, vivo; a espiritualidade que emana das suas pinturas; e a relação luz/sombra, cuja técnica, inigualável, se tornou quase visionária e que fizeram de Vermeer um dos grandes mestres do período dos anos de ouro da pintura holandesa.

As telas de Vermeer são isentas de cargas patéticas excessivas ou de grande dinamismo. As composições deste pintor são, na sua grande maioria , simples. No entanto, em todas as temáticas, verifica-se uma riqueza em harmonia e serenidade.

Vermeer gostava de cenas calmas e descontraídas. O tempo parece ficar parado por um momento nas suas composições. As personagens das suas pinturas são muitas vezes profundas no pensamento. As pinturas de Vermeer de história do início da sua carreira são diferentes das suas pinturas posteriores. São grandes, com fortes contrastes de luz e sombra, e as personagens preenchem a imagem. Mas a atmosfera calma e íntima pela qual Vermeer é célebre também está presente na sua obra mais antiga.

Qualquer das características que apaixonam os amantes de Vermeer podem ser admiradas, principalmente, em quinze das suas obras expostas nesta mostra. Nelas incluem-se as que são consideradas, obras-primas, como exemplo, “Vista de Delft”(1660-1661)- peça de uma luz vigorosa, na qual reina a calma e o tempo parece deslizar lentamente; “Cristo na casa de Marta e de Maria”(cerca 1655); “Mulher segurando uma balança”(1664) e a “Rapariga com chapéu vermelho”(cerca 1665).

A obra de Vermeer do período de Delft, apresenta uma hábil solução de problemas de perspectiva aérea, que mostra o seu talento em dar a sensação de uma atmosfera clara de exterior e uma pálida luz do Sol dos climas do Norte onde existem ambientes familiares do quotidiano holandês. Por outro, mostra-nos um conceito de espaço que estabelece uma ligação entre o de Rembrandt e o de Pieter de Hooch.

Outros pintores da “Escola de Delft”, como , Emanuel de Witte, Gerard Houckgeest, Hendrick van Vliet, Daniel Vosmaer, Jan Steen seguiam a influência de Vermeer.

Johannes Vermeer e os pintores de Delft, são artistas que ficaram para sempre na História da Pintura Holandesa do século XVII ,eles caracterizam-se principalmente pela “poesia a meio caminho entre a realidade e o sonho”.

Theresa Bêco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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