Fernando Curado de Matos I “A fotografia é o meu segundo coração”
Quem goste de desporto, e aqui incluo futebol, surf, automobilismo, motociclismo, rugby e outros mais, seguramente já se deparou com fotografias do Fernando Curado de Matos. Mas o seu percurso profissional vai para além deste universo; na verdade, e da sua vasta carreira, a sua curiosidade e exigência estética, levaram-no a abraçar diversos e diferentes projectos.
Foi aluno da Escola António Arroio, onde se inscreveu no curso de Pintura. Apaixonado pelo Cinema, a Fotografia aparece naturalmente e como actividade paralela que permitia o seu sustento. Ainda muito jovem, foi assistente do cineasta José Ernesto de Sousa que realizou o filme neo-realista D. Roberto com Raul Solnado e Glacinea Quartin, e foi também critico de artes plásticas e do movimento Fluxos do artista plástico alemão Wolf Vosttel. Foi esta ligação que veio a ser importante para todo o trabalho futuro de Fernando Curado Matos.
Com uma prolífica obra e inúmeras exposições, destaca o livro “Corpo da Terra”, que contou com o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian, pesquisa estética em fotografia, seguido do convite do pintor Fernando Azevedo para expor no mesmo espaço, facto muito incomum para um jovem fotografo. Trabalhos como ” Made in Usa”, impressões de uma viagem com os fotógrafos, Agostinho Gonçalves, Luís Filipe Azevedo e Monteiro Gil;
“Ver com os Próprios Olhos”, trabalho realizado em Moçambique com os fotógrafos, Luís Azevedo e Monteiro Gil, e a exposição na Paris Photo 1999 com o trabalho “Corpus “.
São muitos os anos, os livros, as exposições. E chegou um momento em que pensou que o fim não tardaria. Mas não seria a doença que levaria o Fernando Curado de Matos a parar, já que “a fotografia é o meu segundo coração”! Se um pedia descanso, o outro impulsionava-o a continuar.
Vai lançar o livro “Barrocos” e prepara-se para expor na Foto Festa em Outubro.
Fernando Curado de Matos transpõe para a imagem o que gostaria de pintar, é exigente na exploração e concepção estética dos seus trabalhos e é um senhor com uma constante vontade de aprender e difundir o que sabe.
Ao folhear alguns dos seus livros, é difícil definir o que mais impacta. Seja a cor ou a preto e branco, o seu olho capta e transpõe a realidade com um rigor quase absoluto.
Que os seus dois corações continuem a bater em uníssono, porque o Fernando Curado de Matos ainda tem muitos sonhos para realizar.
Octávia Sá