Vertigo da Cor I As Origens do Fauvismo
“Vertigo da Cor, As Origens do Fauvismo” é a primeira exposição nos Estados Unidos a explorar este influente movimento na arte moderna europeia. A exposição” Vertigo da Cor, As Origens do Fauvismo”, inaugurada a 13 de Outubro de 2023 no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, é, sem dúvida, o grande acontecimento cultural do Outono, já que a mostra se mantém até 21 de Janeiro de 2024. Após a sua apresentaçã em Nova Iorque, este evento terminará a sua “tournée” no Museum of Fine Arts, Houston, de 25 de Fevereiro a 27 de Maio de 2024.
Henri Matisse (1869-1954) e André Derain (1880-1954) iniciaram uma parceria criativa no verão de 1905 que viria a mudar o curso da pintura francesa. Os dois pintores experimentaram ousadamente explosões enérgicas de cor, forma e estrutura, cujo resultado levou a uma nova e ousada linguagem artística conhecida como fauvismo (do francês fauve, ou “besta selvagem”). A mostra está patente no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, de 13 de Outubro de 2023.
A exposição, “Vertigo da Cor: Matisse, Derain e as Origens do Fauvismo” foi apresentada, pela primeira vez nos Estados Unidos, a colecção reúne 65 pinturas, desenhos e aquarelas de Matisse e Derain. Estas obras foram cedidas por museus nacionais e internacionais e colecções particulares.
Acerca deste evento, Max Hollein, Diretor e CEO do Metropolitan Museum of Art (Met), disse: “Esta mostra atraente não só destaca da parceria transformadora de Matisse e Derain, mas também oferece uma visão altamente focalizada e envolvente das suas práticas artísticas inovadoras. Vertigo da Cor é notável na medida em que as obras são em grande parte experimentais, dando-nos a oportunidade de compreender o seu processo e olhar para trás, para um momento singular que tem ressoado tão poderosamente com gerações de artistas e públicos.”
Foi a parceria entre os dois artistas – juntamente com as suas intensas investigações de cor e luz e a sua vontade de experimentar fora do cânone – que conduziu ao fauvismo nos primeiros anos do século passado. Durante a sua estadia na modesta aldeia piscatória de Collioure, Matisse e Derain trabalharam em prol de uma nova estética da cor e da luz, inspirando-se nos arredores locais e na sua experiência da vida agitada do porto, das praias tranquilas e das paisagens. A sua linguagem visual em evolução nasceu da experiência sensorial de um momento no tempo, mais do que da realidade observável – uma faixa de areia pincelada de vermelho saturado, um sobreiro delineado a rosa, sombras de luz reflectidas em tons deslumbrantes.
Acerca da utilização da cor, Matisse escreveu: “A minha escolha de cores não se baseia em nenhuma teoria científica; baseia-se na observação, no sentimento, na experiência da minha sensibilidade.”
“Como a história de uma parceria gratificante, esta exposição é a primeira a concentrar-se intensamente nas pinturas, desenhos e aguarelas que lançaram as bases para o fauvismo”, disse Dita Amory, Curadora de Robert Lehman, responsável pela Colecção Robert Lehman. “Em apenas nove semanas, Matisse e Derain revolucionaram a cor e libertaram a pincelada, abrindo caminho para o modernismo.”
Quando Matisse e Derain expuseram várias pinturas no Salon d’Automne em Paris, em Novembro de 1905, os dois artistas foram tanto ridicularizados como elogiados. Intrigaram o público e suscitaram controvérsia – e rapidamente galvanizaram um grupo de artistas contemporâneos a seguir o seu caminho, um novo trajecto na arte europeia que contradizia radicalmente as normas convencionais. Em reacção à lendária exposição no Salon, um proeminente jornalista francês rotulou-os a eles e aos seus colegas artistas de “les Fauves”, literalmente “bestas selvagens”. Embora o fauvismo tenha tido uma vida curta, deu origem a uma paleta arrebatadora num diálogo modernista em evolução, e o Salon d’Automne desempenhou um papel fundamental na divulgação das suas invenções.
A exposição, “Vertigo da Cor: Matisse, Derain e as Origens do Fauvismo” foi, co-organizada pelo The Metropolitan Museum of Art e pelo Museum of Fine Arts, Houston, apresentando muitas das obras mais célebres do fauvismo. As obras em exposição incluiem empréstimos do Musée National d’Art Moderne, Centre Pompidou; National Galleries of Scotland; National Gallery of Art, Washington, D.C.; San Francisco Museum of Modern Art; e o Museum of Modern Art, Nova Iorque; assim como colecções privadas.
A exposição
A mostra inicia-se com galerias dedicadas a Derain e Matisse e apresenta várias pinturas, que que nunca foram exibidas nos Estados Unidos há mais de meio século, incluindo o retrato de Derain de “Henri Matisse” (Tate), e o retrato de Matisse de “André Derain” (Tate). Nesse verão, embora Derain e Matisse partilhassem muitos dos mesmos pontos de vista geográficos e temas, os seus trabalhos divergiam em termos de estrutura, composição, tratamento do espaço e paleta de cores. Matisse preferia pintar em aguarela, enquanto Derain trabalhava a óleo. Existe na exposição, uma galeria dedicada a Amélie Matisse, que se juntou ao seu marido em Collioure com os seus dois filhos. Amélie posou incansavelmente para o seu marido e para Derain em obras de óleo e aguarela vibrantes, como a pintura deslumbrante “Mulher com um Xaile: Madame Matisse num Quimono” (colecção privada). Amélie foi um modelo indispensável, cuja presença fez avançar imensamente a pintura de figuras de ambos os artistas.
“Vertigo da Cor” apresenta também trabalhos significativos em papel, esboços, retratos e desenhos íntimos, e inclui o catálogo original do “Salon d’Automne” de 1905. Enquanto as paisagens, as marinhas e os retratos ocupam um lugar de destaque, as naturezas-mortas de Matisse, com pormenores de produtos frescos locais, proporcionam outra plataforma para investigações de cor e forma.
Ao mesmo tempo que a exposição realça a maravilhosa parceria dos dois artistas, também traça as diferenças entre as suas abordagens à pintura e ao desenho: Derain estava determinado a terminar as suas telas em Collioure, enquanto Matisse preferia recolher inspiração e material de origem e depois trabalhar no seu estúdio em Paris. A mostra salienta a imensa influência de Matisse no modernismo dos primeiros anos do século XX. A exposição termina com uma selecção de pinturas que datam de 1906. Foi nos anos seguintes que Matisse e Derain realizaram algumas das suas obras mais importantes do período, pinturas essas que têm uma dívida para com as experiências de Collioure.
A exposição é organizada pelo The Metropolitan Museum of Art e pelo Museum of Fine Arts, Houston.
A exposição será acompanhada de um catálogo totalmente ilustrado. Publicado pelo The Metropolitan Museum of Art e distribuído pela Yale University Press. Os autores incluem as curadoras Dita Amory e Ann Dumas; a conservadora do Met Isabel Duvernois; e Isabelle Monod-Fontaine, curadora emérita do Centre Pompidou, Paris.
Matisse e Derain foram uns criadores de imagens, mais do que reprodutores de elementos da natureza. Estas imagens visuais, depositárias de valores plásticos e de grande qualidade pictórica, fizeram com que nós nesta revista tenhamos vibrado por trazer aos nossos leitores uma das muitas maravilhas da pintura – a dos grandes mestres Matisse e Derain.
Theresa Beco de Lobo