Gabrielle Chanel I Manifesto de Moda
Tweed, vestidos pretos e muitos brilhos, são alguns trajes espectaculares, que se podem admirar numa exposição sobre Coco Chanel no Victoria & Albert Museum, em Londres.
A mostra “Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda” é a primeira exposição no Reino Unido dedicada ao trabalho da designer de moda francesa Chanel, a qual traça a evolução do seu estilo icónico e a criação da Casa CHANEL, desde a abertura da sua primeira loja de chapelaria em Paris, em 1910 até à apresentação da sua última colecção em 1971. O evento apresenta quase 200 looks, que são vistos em conjunto pela primeira vez, assim como acessórios, perfumes e jóias. A exposição destaca a abordagem pioneira de Chanel ao design de moda, que abriu caminho a uma nova elegância e continua a influenciar a mulher.
“Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda” foi organizada pelo Palais Galliera, Musée de la Mode de la Ville de Paris, a mostra foi reinventada pelo Victoria & Albert Museum, com mais de 100 novos objectos, incluindo 60 novos looks. A exposição abriu ao público no Museu de Londres a 16 de Setembro de 2023 e estará em exibição até 25 de Fevereiro de 2024. Apresenta peças raramente vistas da colecção do Victoria & Albert, juntamente com colecções do Palais Galliera e do “Patrimoine” de CHANEL. Os destaques incluem uma das primeiras peças de vestuário Chanel sobreviventes de 1916; figurinos originais desenhados por Chanel para o ballet Le Train Bleu dos Ballets Russes de Sergei Diaghilev, em 1924; roupas criadas para as estrelas de Hollywood Lauren Bacall e Marlene Dietrich; um exemplo de calças de noite inovadoras e conjuntos da última colecção de 1971.
Chanel desenhava, antes de mais, para si própria. Ao criar roupas adequadas a um estilo de vida independente e activo, antecipou as necessidades e desejos da mulher moderna. Através de dez secções temáticas, a exposição salienta a abordagem inovadora de Chanel ao tecido, à silhueta e à construção, e destaca a forma como ela elaborou uma nova estrutura para a moda no século XX. Apresentando um conjunto deslumbrante de alguns dos designs mais notáveis de Chanel dos seus sessenta anos de moda, a exposição analisa a sua carreira profissional, o nascimento e o desenvolvimento do seu estilo e a sua contribuição para a história da moda.
A exposição destaca igualmente as inspirações britânicas de Chanel, como a adopção do tweed, as parcerias com empresas têxteis britânicas e a fábrica têxtil em Huddersfield.
Acerca do evento, Tristram Hunt, Director do Victoria & Albert Museum, afirmou: “Como uma das mais bem-sucedidas casas de moda existentes, a CHANEL deve muito aos modelos estabelecidos pela sua fundadora Gabrielle Chanel, há mais de um século. Estamos muito felizes com a parceria com a CHANEL e o Palais Galliera nesta exposição, que nos dá a oportunidade de explorar as origens e os elementos deste estilo duradouro e de mostrar peças de vestuário Chanel históricas pouco conhecidas da colecção do Victoria & Albert Museum”.
Acerca da mesma mostra, a directora do Palais Galliera, Miren Arzalluz, disse: “Gabrielle Chanel dedicou a sua longa vida a criar, aperfeiçoar e promover um novo tipo de elegância baseada na liberdade de movimentos, numa pose natural e casual, numa elegância subtil que evita todas as extravagâncias, um estilo intemporal para um novo tipo de mulher. Este foi o seu manifesto de moda, um legado que nunca saiu da moda.O seu sucesso baseou-se não só na funcionalidade, conforto e elegância chique dos seus modelos, mas também na sua capacidade de compreender e interpretar as necessidades e desejos das mulheres do seu tempo.”
Bruno Pavlovsky, Presidente da CHANEL SAS e Presidente da CHANEL Fashion, afirmou: “Estamos felizes e honrados pelo facto da primeira exposição dedicada a Gabrielle Chanel a ser realizada no Reino Unido no Victoria & Albert Museum, um dos museus mais prestigiados do mundo. Gabrielle Chanel foi uma lenda na sua própria vida. Esta exposição analisa a sua contribuição para a moda e a sua visão radical de um estilo que criou modernidade e reflectiu as aspirações das mulheres e a evolução do seu lugar na sociedade.A CHANEL tem o prazer de contribuir para este projecto, proporcionando acesso ao “Patrimoine” de CHANEL, e agradece ao Museu de Londres por acolher esta exposição excepcional.”
Ao longo de dez secções, a mostra: “Gabrielle Chanel. Manifesto de Moda” apresenta a mestria e a inovação requintadas da fundadora da Casa de CHANEL:
Rumo a Uma Nova Elegância salienta a introdução ao início da carreira de Gabrielle Chanel como modista, abrindo a sua primeira boutique na rue Cambon, em Paris, em 1910, e outras boutiques nas estâncias costeiras da moda de Deauville e Biarritz. A secção descreve como o sucesso deste negócio permitiu a sua expansão para o vestuário. Apresenta uma das primeiras peças de vestuário de Chanel que sobreviveram, caracterizada pelo minimalismo e pela precisão – uma forma simplificada de vestir que contrastava com as modas excessivamente decorativas da época e que lançaria as bases dos seus princípios de design.
A Emergência de um Estilo centra-se na forma como Chanel desenvolveu um estilo de assinatura imediatamente identificável nas décadas de 1920 e 1930. Com linhas básicas, materiais fluidos e uma paleta de cores simplista, os seus designs discretos eram radicais no seu carácter prático, mas exibiam uma elegância refinada. Várias subsecções examinam também o papel dos têxteis e da manufactura, a utilização de bordados nos seus modelos e destacam o célebre vestido preto de Chanel. Esta secção também inclui as influências britânicas da Chanel e as suas criações usadas no palco do teatro e no ecrã de cinema.
O Acessório Invisível apresenta a criação e o impacto do perfume de Gabrielle Chanel, N°5, que foi lançado, em 5 de Maio de 1921 e se tornou a fragrância mais vendida do mundo. Concebido como uma extensão do seu vestuário e reflectindo a sua visão de modernidade, Chanel fez do N°5 a assinatura da sua casa de moda. Esta secção explora igualmente o lançamento da gama de maquilhagem Chanel em 1924 e dos cuidados de pele em 1927. Os visitantes podem admirar uma instalação dourada que faz referência ao icónico frasco do perfume N°5.
O Luxo e a Linha centra-se na forma como os vestidos de noite da Chanel apresentava uma mistura refinada de inventividade e classicismo que acentuava subtilmente a forma feminina. Harmonizou proporções e materiais com o objectivo de criar peças de vestuário que expressassem elegância, liberdade e simplicidade. As criações resultantes transmitem a tensão entre a peça de vestuário e o corpo, descrita em francês como “allure”. Esta secção analisa também “Bijoux de Diamants”, a sua primeira e única colecção de jóias finas de 1932, encomendada pela International Diamond Corporation de Londres.
Encerramento da Casa descreve o impacto do início da guerra em 1939 na sua vida pessoal e profissional. A exposição continua com o regresso oficial de Chanel à moda, a 5 de fevereiro de 1954, com o relançamento da sua casa de alta-costura, aos setenta e um anos de idade. A colecção de regresso de Chanel apresentava as marcas de assinatura que ela tinha introduzido com tanto sucesso durante as décadas de 1920 e 30, representando a sua visão actualizada do guarda-roupa da mulher moderna.
“Le tailleur” destaca a peça que define a contribuição de Gabrielle Chanel para a moda do pós-guerra, com mais de cinquenta conjuntos numa gama de cores em exposição em dois níveis. Uma declaração da sua visão da feminilidade moderna, “Le tailleur” Chanel combinava facilidade e conforto com simplicidade e estilo. Descrito pela Vogue em 1964 como “o uniforme mais bonito do mundo”, “Le Tailleur” Chanel, que desde então tornou-se um clássico intemporal, continuando a ser uma referência fundamental que se mantém na moda.
Chanel Codes centra-se na forma como os acessórios foram fundamentais para a concepção da Chanel de uma silhueta harmoniosa. Reflectiam a sua visão pragmática da moda e forneciam códigos reconhecíveis que sublinhavam a unidade do seu estilo. Desde a década de 1950, a carteira Chanel 2.55 e os sapatos “slingback” de dois tons tornaram-se acessórios mais duradouros no mundo da moda.
Ao Anoitecer mostra a roupa de noite como uma parte importante das colecções de alta-costura da Chanel na última parte da sua carreira. A partir do final da década de 1950, adaptou os seus vestidos para incluir uma gama para ser usada à noite. Estes vestidos de cocktail seguiam a mesma forma que os seus fatos de dia, realizados numa infinidade de tecidos ricamente decorativos, tais como lamés dourados e prateados, tecidos texturados e sedas com padrões intrincados. Esta secção inspira-se na paleta de cores douradas e nos biombos “Coromandel” em laca preta do apartamento da própria Chanel.
A Joalharia de Autor, esta secção destaca a parte essencial do estilo distinto de Gabrielle Chanel. Rejeitando as convenções das jóias finas, Chanel deu à bijuteria um novo estatuto. Desde o início da década de 1920, as boutiques de Chanel ofereceram uma série deslumbrante de bijuteria para usar com as suas roupas elegantes e modernas. A bijutaria da Chanel inspirava-se em muitos lugares e épocas históricas.
Uma Atracção Intemporal – o final da exposição – celebra o vestido de noite como o exercício de estilo de Chanel, com looks exibidos numa recriação da icónica escadaria espelhada baseada no atelier da estilista. Chanel propôs uma versão descontraída do vestido formal que era simultaneamente discreta e refinada, revisitando os fundamentos que tinham regido a sua estética e pontuado a sua carreira. Esta secção mostra este conceito até à sua última colecção de primavera-verão 1971, Gabrielle Chanel reinterpretou, actualizou e aperfeiçoou as suas regras e princípios, refinando continuamente o seu estilo quintessencial.
A exposição representa uma Montra Espectacular de inúmeras referências extraordinárias da vida de uma mulher que revolucionou o vestuário feminino nos anos 20 e deixou no mundo da moda uma marca intemporal. A mostra “Gabrielle Chanel. Manifesto da Moda” revela as verdadeiras fontes de inspiração, reais e imaginárias, de Gabrielle Chanel.
Construída em dez sequências, esta exposição desconstrói cronologicamente aquele que foi um percurso artístico magnificente, de uma das maiores criadoras de Moda do século XX.
Theresa Beco de Lobo