Moda, Joias e Design I No Musée des Arts Décoratifs, Paris
De 3 de Abril a 10 de Novembro de 2024, o Musée des Arts Décoratifs apresenta
uma selecção de peças de alta costura e de pronto-a-vestir, assim como de jóias e bijutarias, nas galerias permanentes dedicadas ao design do século XX até à actualidade: 30 silhuetas de moda e 100 peças de joalharia de criadores e casas de prestígio como Cartier, Van Cleef & Arpels, Christian Dior, Lanvin e Balmain, estão expostas ao lado dos grandes nomes do design, como Ettore Sottsass, Ron Arad, Philippe Starck e os irmãos Campana. Esta exibição revela as novas aquisições nestes três domínios.
Um novo olhar sobre as Colecções Nacionais do Museu de Artes Decorativas
Esta mostra temática está distribuída pelos cinco pisos do Pavillon de Marsan, com uma vista deslumbrante sobre os jardins das Tuileries e da Rue de Rivoli. Este acontecimento presta homenagem às casas de joalharia célebres e designers de jóias, como, Cartier e Van Cleef & Arpels, mas também a imaginação fértil de criadores e artistas como Jean Desprès, Jean Schlumberger, Florence Lehmann e Costanza e Roger Jean-Pierre, todos eles com grande criatividade. Este itinerário original revela peças icónicas das colecções de moda do museu e centra-se em designers como de Paco Rabanne, Issey Miyake e Rick Owens. As grandes casas de moda Balmain, de Olivier Rousteing, Christian Dior, de John Galliano, e Courrèges, do seu director criativo e o seu director artístico Nicolas de Felice, e ainda Stéphane Rolland, que se juntou recentemente às colecções.
Esta exposição oferece um novo olhar sobre o design francês desde o pós-guerra até à actualidade, tanto franceses como internacionais: Nathalie du Pasquier a Martin Szekely, Jean Prouvé Charlotte Perriand, Michael Graves, Roger Tallon e os designers contemporâneos Marc Newson e Pierre Charpin. Deste modo, realça as ligações criativas e históricas entre as disciplinas das Artes Decorativas.
Os visitantes são então convidados a descobrir um impressionante vestido Icon, concebido pelo costureiro Stéphane Rolland em 2023. O vestido de ouro reluzente é inspirado em Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, está ao lado de um guarda-roupa dos irmãos Campana, mostrando toda a sacralidade latina destas obras. Ainda dedicados ao design, as salas seguintes ganham vida com um roupão do artista Jean Dubuffet, cujos motivos contrastam com as linhas puras e a simplicidade das obras de Charlotte Perriand e Jean Prouvé.
Habitualmente consagradas ao design, à cerâmica e ao vidro, as galerias modernas e contemporâneas são pontuadas por diferentes olhares sobre a moda e o requinte, conferindo uma dimensão teatral e narrativa às colecções permanentes e uma nova leitura interdisciplinar e não hierárquica das obras.
Temas e variações
A visita começa com um luxuoso protótipo de passarela bordado realizado por Olivier Rousteing para a sua primeira colecção para a Balmain, recordando a admiração de Pierre Balmain pelo Oeste americano. Esta estética permite-nos comparar esta peça de moda com o design do estilista britânico Ron Arad e a joalharia Art Déco de Jean Desprès.
Balmain e o Oeste Americano
A visita começa com um luxuoso protótipo de passerelle concebido por Olivier Rousteing para a Balmain. Esta peça, da colecção de pronto-a-vestir primavera/ verão 2012, evoca a atracção de Pierre Balmain pelo Oeste americano. Com a sua sarja bordada com fio de ouro, pérolas e strass.
A evocação de formas elementares e geométricas, estão tão presentes no design contemporâneo, é a oportunidade de expor uma silhueta de alta costura Christian Dior de John Galliano, datada de 2004, com uma divindade egípcia antiga sobre jóias de Cartier, Van Cleef & Arpels ou Claude Chavent, com linhas puras em metal precioso.
O upcycling, a reutilização de materiais que já não são utilizados, é representado por Andrea Crews e a sua silhueta em contraste com as jóias contemporâneas de Verena Sieber-Fuchs e Lisa Walker.
Andrea Crews e a Reciclagem
A reciclagem, a reutilização de materiais que já não são utilizados, é representado por Andrea Crews e a sua silhueta em contraste com as jóias contemporâneas de Verena Sieber-Fuchs e Lisa Walker.
A marca Andrea Crews, pioneira na reciclagem, é apresentada nesta exposição com várias peças.
A marca foi fundada por Maroussia Rebecq, uma artista que recicla roupas desde 2001. O look é uma mistura de peças de várias das suas colecções, ilustrando os vários processos envolvidos na reciclagem de peças de vestuário descartadas (corte, tricotagem, torneamento, sobreimpressão). As perspectivas da designer fazem parte de uma abordagem militante que transmite uma sensação de esperança pós-industrial.
Issey Miyake e a Arte
Passando às salas seguintes, deparamo-nos com um roupão do artista Jean Dubuffet, cujos motivos contrastam com as linhas puras e a simplicidade de Charlotte Perriand e Jean Prouvé. Deparamo-nos também com a obra de Issey Miyake.
“Todas as minhas pesquisas sempre se centraram no movimento e na liberdade proporcionada pelo vestuário. A pessoa que o veste dá-lhe a sua dimensão final”, recorda o estilista japonês.
A visita termina com as obras de Issey Miyake, célebre pela sua investigação sobre o movimento e a liberdade no vestuário. Está em exposição um vestido idêntico ao apresentado na Bienal de Arte e Moda de Florença em 1996. Foi impresso a partir de uma fotografia do artista japonês Yasumasa Morimura baseada na obra La Source de Jean-Auguste Dominique Ingres. A evocação da pintura, a realidade da peça de vestuário e a do corpo que veste fundem-se numa única silhueta viva, uma imagem complexa da feminilidade. Como é que esta peça personifica a fusão da arte, da moda e da feminilidade na estética visionária de Issey Miyake?
Theresa Beco de Lobo