Pintura-Poesia I Livre D’Artiste de Joan Miró

Pintura-Poesia I Livre D’Artiste de Joan Miró

A exposição “Pintura-Poesia. Livres d’artiste de Joan Miró” está patente na Casa de Serralves e está disponível para se ver até 1 de Junho de 2025. Esta mostra é uma descoberta de toda a evolução de Joan Miró como artista gráfico. Pela primeira vez estão reunidos livros ilustrados por Joana Miró. A mostra tem curadoria de Robert Lubar Messeri e foi organizada pela Fundação de Serralves — Museu de Arte Contemporânea.

Nesta exposição “Pintura-Poesia. Livres d’artiste” de Joan Miró, da Casa de Serralves, mostram-se pela primeira vez, livros ilustrados por Joan Miró como “Il était une petite Pie” de 1928, “Parler Seul” de 1948-50, e “Mà de Proverbis” de 1970, que demonstram toda a evolução de Miró como artista gráfico, a sua estreita relação com poetas e o seu interesse pela relação texto/imagem na pintura e no seu trabalho gráfico.

Os “livres d’artiste” são apresentados em diálogo com obras da Colecção  Miró do Estado Português, cedida ao Município do Porto e depositada na Fundação de Serralves.⁠

Também foi lançado o livro “Colecção Joan Miró – Do Estado Português, cedida ao Município do Porto e cedida à Fundação de Serralves”.

“Il était une petite pie” (1928) é o primeiro livro em destaque e apresenta ilustrações de canções infantis escritas pela poetisa Lise Hirtz. Criado com a técnica de pochoir, inclui oito gravuras. Já “Parler seul” (1948-1950) resulta de uma parceria entre Miró e Tristan Tzara, figura central do dadaísmo, e contém 72 litografias, algumas das quais encontra-se na exposição, juntamente com páginas da maqueta original pintada a guache.
O livro “Mà de Proverbis” (1970) reflcte a colaboração entre Miró e o poeta japonês Shûzô Takiguchi, que foi pioneiro ao escrever uma monografia sobre o artista em 1940. Este livro inclui sete litografias a preto e branco e três a cores que “fazem” capa.
“Os três livros de Miró são complementados por pinturas e obras em papel do Museu de Serralves, da Fundació Joan Miró em Barcelona e do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía em Madrid. Cada livro é apresentado com documentos que registam o progresso de Miró, os seus diálogos com os poetas envolvidos e materiais relacionados com a encomenda e o desenvolvimento dos projetos”, lê-se em nota publicada no website de Serralves.
Também são apresentados documentos que revelam os processos criativos de Miró e a sua interação com os poetas parceiros.

A exposição Pintura-poesia reúne, pela primeira vez, três importantes livros ilustrados por Joan Miró: Il était une petite pie (1928), Parler seul (1948-50) e Mà de Proverbis (1970). Estes livros demonstram toda a evolução de Miró como artista gráfico, a sua estreita relação com poetas e o seu duradouro interesse pela relação texto/imagem na pintura e no seu trabalho gráfico. O primeiro livro de Miró, de 1928, ilustra canções infantis de Lise Hirtz, poeta e colaboradora próxima dos surrealistas franceses. Foi realizado utilizando a técnica de pochoir (impressão por stencil) e inclui 8 gravuras. O segundo livro resulta de uma colaboração entre Miró e o poeta dadaísta Tristan Tzara. Contém 72 litografias a cores e a preto e branco, uma seleção das quais é apresentada na exposição, juntamente com páginas da maquete do livro que Miró realizou em guache. O terceiro livro representa uma colaboração entre Miró e o poeta japonês Shûzô Takiguchi, figurachave da vanguarda japonesa, que escreveu a primeira monografia sobre o artista catalão em 1940. Inclui 7 litografias a preto e branco e 3 litografias a cores impressas para a capa e o frontispício do livro. Os três livros de Miró são complementados por pinturas e obras em papel do Museu de Serralves, da Fundació Joan Miró em Barcelona e do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía em Madrid. Cada livro é apresentado com documentos que registam o progresso de Miró, os seus diálogos com os poetas envolvidos e materiais relacionados com a encomenda e o desenvolvimento dos projectos, que variam entre traços nítidos e aguadas atmosféricas. O livro anuncia também a “viragem caligráfica” no trabalho de Miró, que o artista continuaria a explorar ao longo das décadas de 1950 e 1960.

“IL ÉTAIT UNE PETITE PIE” [ERA UMA VEZ UMA PEQUENA PEGA]

“Il était une petite pie” foi o primeiro projecto colaborativo de Miró com um autor. Encomendado em 1927 por André Breton, Miró realizou 8 gravuras em stencil (pochoirs) para ilustrar as canções infantis de Lise Hirtz. Publicado em 1928 pelas Éditions Jeanne Bucher, foram impressas 300 cópias. O livro está intimamente associado à obra de Miró entre os anos 1924 e 1928, período em que o artista desenvolveu uma linguagem icónica de pictogramas e signos polivalentes. O livro é dedicado ao compositor Georges Auric, autor da música que acompanhava as canções de Hirtz.

PARLER SEUL [FALAR SOZINHO]

Miró trabalhou em” Parler Seul” entre os anos de 1948 e 1950, sendo esta a sua terceira colaboração com o poeta dadaísta Tristan Tzara. Numa edição de 253 exemplares, o livro foi publicado em 1950 pela Maeght Éditeur, editora dirigida por Aimé Maeght, o marchand de Miró em Paris. Vinte exemplares do livro impressos em papel liso Montval e 30 em papel liso Arches incluíam uma litografia extra-realçada a aguarela e lápis de cor por Miró. “Parler Seul” é a obra de um artista já estabelecido, com total domínio do seu vocabulário visual. Em resposta ao texto de Tzara, Miró desenvolveu uma espécie de figuração abreviada, na qual os seus signos adquirem cada vez mais um carácter ideográfico. A abordagem de Miró à litografia demonstra o seu total domínio da técnica, alcançando efeitos que variam entre traços nítidos e aguadas atmosféricas. O livro anuncia também a “viragem caligráfica” no trabalho de Miró, que o artista continuaria a explorar ao longo das décadas de 1950 e 1960.

“MÀ DE PROVERBIS” [PROVÉRBIOS À MÃO]

“Mà de Proverbis” foi a primeira colaboração de Miró com o poeta Shûzô Takiguchi, uma figura central das vanguardas japonesas. Takiguchi publicou a primeira monografia sobre Miró em 1940, mas só o conheceu pessoalmente quando este visitou o Japão pela primeira vez em 1966. Os dois homens permaneceram amigos próximos até à morte de Takiguchi, em 1979. O livro foi publicado pelas Ediciones Polígrafa, de Barcelona, numa grande edição de 1100 exemplares em papel Guarro. Cento e dez exemplares incluíam uma litografia adicional impressa em cinco ou seis variações de cor. Foram também impressas duas litografias a cores para o portefólio e uma para a capa do livro. Sete litografias adicionais acompanharam o poema de Takiguchi, publicado em japonês, inglês, espanhol, catalão, francês, alemão e italiano. O livro demonstra o interesse contínuo de Miró pela caligrafia da Ásia Oriental e a sua crescente economia de meios, com uma figuração que alterna entre a formação de signos e o gesto puro.

Theresa Beco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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