Cento e Cinquenta Anos de História da Perfumaria Lisboeta I No Palácio Pimenta

Cento e Cinquenta Anos de História da Perfumaria Lisboeta I No Palácio Pimenta

O Museu de Lisboa, Palácio Pimenta, em Lisboa, exibe desde 19 de Janeiro até 23 de Fevereiro de 2005, uma exposição singular: “Cheira bem, cheira a Lisboa”.

A mostra temporária apresenta 150 anos de história da perfumaria e tem como ponto de partida a colecção particular do coleccionador Afonso Oliveira, que ganhou reconhecimento dentro e fora de Portugal. O frasco mais antigo exposto neste evento, que percorre mais de 150 anos de história da perfumaria em Lisboa, data de 1850.

Uma verdadeira viagem pelos aromas que relembra algumas das fragrâncias e frascos icónicos naquela que é a história da perfumaria de Portugal.

Partindo da colecção particular de Afonso Oliveira, “Cheira bem, cheira a Lisboa,” que conta a história da perfumaria em Lisboa. O coleccionador três dezenas de fábricas de perfumes em Portugal, a primeira das quais denominada Thomas Mendonça e Filhos, instalada em 1850 na Calçada do Combro, em Lisboa.

“Descobri que a primeira fábrica de perfumes em Portugal, a Thomaz e Mendonça e Filhos, Lda, surgiu no ano de 1850. Há 10 anos tínhamos mais de 20 distribuidores de perfumes em Portugal e agora só temos cinco ou seis”, afirmou Afonso Oliveira.

A exposição, exibe a história da perfumaria lisboeta viajando desde meados do século XIX, em plena época romântica, até à actualidade, através das peças colecionadas por aquele que é hoje vice-presidente da “International Perfume Bottle Association”, com mais de mil sócios em 21 países.

“Acompanhando tendências internacionais, a pesquisa e a produção de novas fragrâncias aumentou ao ritmo da procura por parte de classes sociais privilegiadas e do crescente papel afirmativo da mulher, tendo-se consolidado com os Loucos Anos 20.

As principais marcas prosperaram durante o Estado Novo, mas, após a instauração do regime democrático e a consequente abertura internacional, Portugal foi inundado por produtos e marcas estrangeiras, que rapidamente passaram a dominar o mercado. A maior parte das empresas portuguesas não conseguiu adaptar-se e encerrou portas”, continua a nota histórica, de contexto, pode-se observar através do site do Museu de Lisboa.

“Algumas destas empresas permanecem activas, continuando a fabricar perfumes na capital portuguesa e até com o nome Lisboa, acrescenta o site do museu, frisando ainda que, a colecção Afonso Oliveira, “inclui numerosas referências às marcas e fábricas lisboetas, principal centro produtor português desde meados do século XIX”, como seria de esperar pelo cosmopolitismo da cidade”.

Desde muito cedo que a indústria da perfumaria se tornou um dos mais importantes pilares na história da Beleza. Há perfumes que marcam gerações e épocas, destacando-se, não apenas pelas suas notas olfativas, como pelos seus frascos marcantes. Esta exposição transporta-nos para essa mesma viagem.

Afonso Oliveira coleciona frascos e produtos ligados à perfumaria e cosmética há mais de 40 anos. A sua coleção, composta por quase 5000 objetos, inclui numerosas referências às marcas e fábricas lisboetas, principal centro produtor português desde meados do século XIX, estará agora exposta para todos os amantes e interessados da perfumaria.

Entre as peças expostas, estão os perfumes em formato de bonecas da marca Nally. Criados para a exposição do Mundo Portugûes em 1940 pelo artista plástico Thomaz de Melo ou Thom, representam várias figuras com trajes regionais, Nazaré, Alentejo, Ribatejo, sendo o frasco em vidro e as tampas feitas à mão em madeira.

Quem passasse pelo Campo Grande no início do século passado deparava, na zona junto ao Horto do Campo Grande, com as instalações de uma grande fábrica. Mas não eram artigos industriais ou quaisquer outros do género que lá se faziam, antes perfumes, bem como sabonetes, cosméticos, pastas de dentes, tónicos para o cabelo e outros produtos de beleza e higiene pessoal. Tratava-se da Fábrica Nally, propriedade do farmacêutico J. Nobre, na qual algumas centenas de trabalhadores se dedicavam a realizar os produtos com o mesmo nome, e onde antes tinham estado instalados os laboratórios construídos pelo seu fundador. À marca Nally viria a juntar-se também a Benamôr, que em 1925 daria o nome a uma perfumaria na Rua Augusta, substituindo a Farmácia J. Nobre, situada no Rossio desde a I Guerra Mundial.

Os produtos Nally e Benamôr gozavam de grande prestígio, tendo apenas como rival os da Ach. Brito. Na Fábrica Nally eram feitos também produtos para grandes marcas internacionais deste ramo. Um incêndio em 1999 destruiu as suas instalações, e a Perfumaria Benamôr fechou em 2013. Mas os novos proprietários das marcas, agora com sede e fábrica no Carregado, mantêm-nas vivas, continuando os produtos Benamôr a ser vendidos em várias lojas de Lisboa e Porto, as Benamôr 1925.

Benamôr Creme, o “adorável produto de beleza que dá à pele uma frescura encantadora”, foi registado em 1928 por um farmacêutico que se tornou o primeiro proprietário dos Laboratórios Nobre. Estes deram lugar à Fábrica Nally, ainda situada no Campo Grande, em Lisboa. A fábrica produzia muitos cosméticos e perfumes que se tornaram muito populares, foram protagonistas de comédias cinematográficas muito apreciadas nos anos 40 (como “O Pai Tirano”) e eram muito apreciados por clientes como Salazar e a Rainha D. Amélia. Mais tarde, a fábrica produziu o excelente creme Alantoíne, um hidratante de mãos com aroma a citronela.

Também a colecção de Afonso Oliveira vai muito mais longe, na medida em que a sua casa de Lisboa apresenta mais de cinco mil frascos e miniaturas de perfumes.

O frasco mais antigo que o colecionador reserva é de 1828, da francesa Guerlain; e, o mais recente, um frasco Versace, Dylan Femme, inspirado numa ânfora da mitologia grega com a Medusa, o símbolo de Versace.

Theresa Bêco Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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