Tous Léger ! I Com Niki de Saint Phalle, Yves Klein, Martial Raysse, Keith Haring…

Tous Léger ! I Com Niki de Saint Phalle, Yves Klein, Martial Raysse, Keith Haring…

A MODA&MODA foi recentemente convidada para assistir às 3 exposições em Paris: “Louvre Couture. Arte e Moda: Peças de Referência” no Musée du Louvre, em Paris; “Do Coração para as Mãos: Dolce & Gabbana”, no Grand Palais Rmn, em Paris; “Tous Léger!  Com Niki de Saint Phalle, Yves Klein, Martial Raysse, Keith Haring…”, no Grand Palais Rmn, em Paris. A exposição reúne obras de Fernand Léger (1881-1955), pioneiro da arte moderna, com mais de trinta obras de artistas das vanguardas europeias e americanas, desde os anos 60 até à atualidade.

A exposição “Tous Léger !  Com Niki de Saint Phalle, Yves Klein, Martial Raysse, Keith Haring…” apresentada no Grand Palais Rmn foi organizada, graças a uma parceria inédita entre o Grand Palais Rmn, os Musées Nationaux du XXe siècle des Alpes-Maritimes e  o Musée d’Art Moderne et d’Art Contemporain (MAMAC), Nice, celebram a criatividade artística com uma exposição que reúne a obra alegre e colorida do pintor Fernand Léger (1881-1955) e as obras essenciais do MAMAC. A mostra, está patente até 20 Julho de 2025, com o título:” Tous Léger! Avec Niki de Saint Phalle, Yves Klein, Martial Raysse, Keith Haring…”

As duas grandes colecções da Côte d’Azur, como as obras de Niki de Saint Phalle, Arman, Yves Klein, Raymond Hains, Martial Raysse e César, são confrontadas com as inovações plásticas de Fernand Léger, um dos pioneiros da vanguarda do século XX.

Ao lado destes grandes representantes do Novo Realismo, as obras de artistas como Roy Lichtenstein e, mais tarde, Keith Haring, ilustram os intercâmbios artísticos que se realizaram desde cedo entre o meio artístico europeu e americano.

A exposição, com cerca de 100 obras, aborda de forma lúdica e criativa vários temas, como a Apropriação de Objectos, a Representação do Corpo e das Actividades de Lazer ou o Lugar da Arte no Espaço Público.

Através de gestos artísticos poderosos, os artistas elevam elementos captados na sua realidade mais banal ao estatuto de obras de arte. Fundem arte e vida, revelando ao espectador a beleza poética do nosso quotidiano.

Juntamente com os principais representantes do Novo Realismo, grupo fundado em Paris em 1960 em torno do crítico de arte Pierre Restany, obras da geração de artistas que emergiu do outro lado do Atlântico nos anos 60, como Roy Lichtenstein e mais tarde, Keith Haring, ilustram a relação entre a cena artística europeia e a americana.

Para além de certas afinidades temáticas ou formais existe uma ligação histórica entre a obra de Fernand e o Novo Realismo. Admirador fervoroso da sua obra, Pierre Restany terá baptizado o nome do grupo em homenagem a Léger, que utilizou o termo na década de 1920 para definir a sua abordagem artística.

Fernand Léger e os artistas desta geração têm em comum a renovação da criação artística através da reapropriação do mundo real e, muitas vezes, um olhar crítico e político sobre a sociedade do seu tempo.

Na sequência das exposições do Musée National Fernand Léger, Biot que destacam as colaborações do artista ou da sua posteridade, a exposição Léger e os Novos Realismos, salienta também a modernidade visionária de Léger, ao mesmo tempo que as possíveis fontes de inspiração destes artistas revolucionários se iniciaram na década de 1960.

O percurso da exposição, composto por cerca de 100 obras, incluindo uma selecção de 60 do MAMAC, aborda de forma lúdica e criativa vários temas: a apropriação indevida do objecto, a representação do corpo e o lazer o lugar da arte no espaço público. Empoderosos gestos artísticos, os artistas levantam elementos – materiais, símbolos, ferramentas – ao estatuto de obras de arte, símbolos, ferramentas – capturados na sua realidade mais mundana. Fundem arte e vida, revelando ao espectador a beleza poética do nosso quotidiano.

Biografia de Fernand Léger

Fernand Léger (1881-1955) foi um pintor francês, um dos mais destacados pintores do Cubismo – importante movimento artístico do século XX. Influenciado pela tecnologia industrial, Léger cultivou um estilo caracterizado pela utilização de formas mecânicas monumentais.

Fernand Léger nasceu em Argentan, na Baixa Normandia, França, no dia 04 de fevereiro de 1881. De família de camponeses normandos, ainda criança, mostrou seu interesse pelo desenho.

Formação

Com 16 anos, Léger foi para Caen, capital da Alta Normandia para trabalhar como aprendiz num atelier de arquictetura.

Em 1900, mudou-se para Paris, onde trabalhou como desenhista em um escritório de arquitetura e retoques fotográficos. Entre 1902 e 1903 prestou serviço militar em Versailles.

Depois de ser reprovado no exame de ingresso na Escola de Belas Artes de Paris, em 1903 entrou para a Escola de Artes Decorativas e para a Academia Julien. Nessa época frequentou vários ateliês e passou a ser atraído pela obra de Paul Césanne.

Cubismo

Em 1909, Fernand Léger entrou em contato com os pintores cubistas, entre eles, Georges Braque e o espanhol Pablo Picasso, com os quais tinha em comum a ambição de decompor a realidade em seus elementos essenciais.

Em 1911, realiza sua primeira exposição no Salão dos Independentes, quando se destacou com a tela “Nus na Floresta” (1910), onde os volumes geométricos se desmembram em grandes fragmentos.

No ano seguinte participou da “Section D’Or”, em Paris, e publicou na revista Der Sturm, “Les Origines de la Peinture Contemporaine”. Nessa época, realizou diversas exposições em Paris, Moscovo e Nova Iorque.

Em contacto com o Cubismo, Legér não aceitou a sua representação exclusivamente analítica para representar o mundo real, os seus trabalhos apresentavam formas curvilíneas e tubulares, em contraste com as formas retilíneas usadas por Picasso e Braque.

No quadro “Mulher de Azul”(1912), uma das suas mais importantes obras, que marca o apogeu de sua fase de cubista, se percebe as características pessoais que o diferenciam do movimento.

Em 1914, com a eclosão da Primeira Guerra os seus trabalhos são interrompidos durante quatro anos, quando ele foi enviado para a frente de batalha.

Após a guerra, Léger iniciou a célebre fase mecânica, marcada pela decomposição da figura humana em cilindros, como em “Soldados Jogando Cartas” (1917).

Léger realizou trabalhos para o cinema, entre eles, a direcção do filme “Le Balet Mécanique” (1924). Em 1935, fez uma exposição das suas obras no Instituto de Artes de Chicago.

Em decorrência da Segunda Guerra Mundial, Léger refugiou-se nos Estados Unidos, onde viveu entre 1940 e 1945. Nessa época, continuou a dissociar a cor do desenho, procedimento que não abandona mais.

Em 1945, Léger voltou para a França, levando uma série de composições inspiradas na paisagem industrial americana. Passou a produzir obras em série, máquinas, retratos, ciclistas, temas dos divertimentos populares, palhaços, entre outras como a tela “Circus” (1948).

Fernand Léger faleceu em Gif-Sin-Yvette, Seine-et-Oise, França, no dia 17 de Agosto de 1955.

Leger, Pintor da Cor

Desde as origens da pintura, a cor é uma prerrogativa dos pintores. Matéria e luz, ela foi o ponto de partida de toda a abordagem estética de Fernand Léger (1981-1955). Ao longo de toda a sua obra, o pintor demonstrou uma verdadeira paixão pela cor pura, que utilizou numa variedade infinita de combinações e variações, nos mais diversos suportes: desenhos, cerâmicas, vitrais, cenários para o mundo do espetáculo e arquitetura.

Após as suas primeiras obras, marcadas pela influência do Impressionismo, Léger aderiu ao Cubismo na década de 1910 e distinguiu-se dos dois pioneiros do movimento, Georges Braque e Pablo Picasso, pela sua vontade de introduzir a cor pura nas obras cubistas, até então dominadas por tons de cinzento, quase monocromáticos. Léger aproximou-se do seu amigo Robert Delaunay, com quem travou uma luta activa para libertar as formas e as cores da ilusão da realidade: “Antes de nós, o verde era uma árvore, o azul era o céu, etc. Depois de nós, a cor tornou-se um objecto em si”.

Para além da pintura, Fernand Léger via a cor pura como uma necessidade vital, quase terapêutica, que se esforçou por difundir ao longo da sua vida nas paisagens urbanas: “A minha necessidade de cor foi imediatamente apoiada pela rua, pela cidade. Estava em mim, esta necessidade de cor. Não havia nada que eu pudesse fazer: assim que podia colocar uma cor, colocava-a. Passava o mínimo de tempo possível no cinzento”.

A partir dos anos 30, Léger desenvolveu a arte mural para espaços públicos, na esperança de encantar o mundo moderno com composições monumentais em cores livres e poderosas. Longe de ser conceptual, a cor de Léger é acima de tudo uma festa para os olhos que infunde alegria, felicidade e optimismo em toda a sociedade.

Theresa Bêco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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