Appiani (1754-1817) I O pintor de Napoleão em Itália

Cerca de uma centena de obras: pinturas, desenhos, gravuras e medalhas provenientes de colecções europeias públicas e privadas – são reunidas na primeira retrospetiva organizada em França sobre este artista, considerado o mais importante pintor do período neoclássico do Norte de Itália. A exposição de 16 de Março a 28 de Jullho de 2025 destaca um retratista cativante e um brilhante artista de frescos, apesar da destruição de algumas das suas pinturas realizadas no Palácio Real e nalgumas mansões privadas milanesas durante os bombardeamentos de 1943.

Vitorioso na Batalha da Ponte de Lodi, a 10 de Maio de 1796, o General Bonaparte entrou em Milão no dia 15. Aí conhece Appiani, cujo talento é reconhecido pelos cenários de teatro, mansões privadas e igrejas, assim como pelos retratos. O estilo do artista já tinha perdido a relativa rigidez dos seus primeiros tempos, e o pintor-decorador sabia combinar a precisão e a firmeza do traço com a delicadeza da modelação e a suavidade do material.

Três anos mais tarde, com o regresso dos franceses, durante a Segunda Campanha Italiana, Appiani foi encarregado por Napoleão de seleccionar obras de arte retiradas de igrejas e conventos para enriquecer e promover os museus do norte da península.

A ascensão de Appiani como iconógrafo da República e depois do Reino de Itália é marcada pelo grande número de encomendas públicas e privadas que recebeu. Em cinco sequências cronológicas e temáticas, a exposição apresenta a obra do artista, tanto pintor de frescos como pintor de cavalete: A carreira pré-napoleónica, A pompa e o brilho de Napoleão, Retratos públicos e privados, Decorações de frescos e a fortuna artística de Appiani apresentada nos salões do Château de Bois-Préau, a exposição revela ao público o talento e a riqueza da obra deste artista ao serviço do Imperador.

Andrea Appiani

Andrea Appiani (1754 –1817) foi um pintor e designer neoclássico italiano.

No início pretendia seguir a profissão do pai, médico, porém, ao contrário disso, entrou para a academia particular do pintor Carlo Maria Giudici (1723–1804), onde recebeu aulas de desenho, cópia manual de esculturas e impressões. Estudou o pintor Rafael através das gravuras de Marcantonio Raimondi, assim como com o trabalho de Giulio, Anton Raphael Mengs, e através das impressões, realizou as composições da Coluna de Trajano.

Posteriormente Andrea entrou para grupo de pintura em afresco de Antonio de Giorgi, (1720–93), que era encarregado da galeria de arte Ambrosina, de Milão, onde teve contacto com os estudos da arte de Rafael através do célebre painel deste pintor, com  a Escola de Atenas e pelos trabalhos dos seguidores de Da Vinci, especialmente Bernardino Luini.

Tendo frequentado também o estúdio de Martin Knoller, ele aprofundou seus conhecimentos em pintura a óleo e estudou anatomia no Ospedale Maggiore, em Milão com o escultor Gaetano Monti (1750–1847).

Em 1776, ele entrou para a Accademia di Belle Arti di Brera, para seguir os seus estudos em pintura com Giuliano Traballesi, de quem recebeu título de mestre na técnica de afresco.

O interesse de Appiani pelas questões estéticas foi estimulado pelo poeta clássico Giuseppe Parini, que desenhou dois belos retratos a lápis.

Em 1776, entrou para a Academia de Belas Artes de Brera para seguir os cursos de pintura de Giulio Traballesi, dominando a técnica do fresco.

Entre as suas obras-primas contam-se os frescos que representam os quatro evangelistas e os doutores da igreja, que pintou para a cúpula e os pendentes da igreja de Santa Maria presso San Celso, em 1795, e o fresco com O Parnaso, representando “Apolo e as Musas”, no tecto da sala de jantar da Real Villa de Milão.

A exposição apresenta o estilo sensível, monumental e íntimo do maior artista milanês do seu tempo: os primórdios de um pintor formado no século XVIII, como cenas da época napoleónica e da república nascente, efígies de Napoleão e de Josefina, estudos e desenhos preparatórios para a decoração de mansões privadas e igrejas.

A exposição é realizada em colaboração com o Palazzo Reale de Milão, que apresentará uma versão da mesma mostra com o título Appiani. O esplendor de Milão, da propriedade de Parini a Napoleão, de Setembro de 2025 a Janeiro de 2026.

Andrea Appiani tornou-se célebre pelas suas pinturas a fresco, imbuídas de graça e delicadeza. Pintou o retrato do General Bonaparte na Batalha de Lodi em 1796, depois o do Primeiro Cônsul em 1800 (em Milão) e o do Imperador (como Rei de Itália) em 1805, e muitos outros retratos da família imperial.

Mas o que lhe valeu sobretudo os favores do Imperador foram os frescos do palácio real de Milão, que são tantos monumentos à glória do conquistador.

O pintor foi vítima em 1813 de uma apoplexia que o deixou paralisado, viveu na miséria após a queda de Napoleão e morreu em Milão em1817.

Andrea Appiani é um dos maiores representantes do neoclassicismo italiano. O brilho, o encanto e a harmonia da cor são as qualidades que distinguem a maneira daquele que foi apelidado de pintor das graças.

Theresa Bêco de Lobo

Theresa Bêco de Lobo

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