Numa exposição exclusiva no Canadá, o Montreal Museum of Fine Arts, (MMFA) apresenta a história de Berthe Weill: uma figura quase esquecida da arte moderna que desempenhou um papel fundamental no desenvolvimento dos movimentos de vanguarda em França na primeira metade do século XX.
Pioneira como negociante de arte, Berthe Weill (1865-1951) foi a primeira a vender obras de Pablo Picasso e a expor Henri Matisse. Foi também a única “marchand” a organizar uma exposição individual de Amedeo Modigliani durante a sua vida. Apaixonada e visionária, Weill apoiou com firmeza artistas iniciantes, muitos dos quais se tornaram ícones do Modernismo. Berthe Weill foi uma galerista que moldou o destino da arte moderna.
Composta por mais de 100 obras e documentos de arquivo, a exposição “Berthe Weill, Marchand da Vanguarda Parisiense” apresenta pinturas e esculturas excepcionais de grandes nomes da arte moderna, de Pablo Picasso a Suzanne Valadon. É o primeiro grande evento dedicado à carreira e à visão artística de Berthe Weill.
A mostra está patente no Montreal Museum of Fine Arts, (MMFA), até 7 de Setembro de 2025.
Após sua temporada em Montreal, a exposição será apresentada no Musée de l’Orangerie, em Paris, de 8 de Outubro de 2025 a 26 de Janeiro de 2026. Parte superior do formulário
Weill abriu a sua galeria em Paris em 1901, no movimentado bairro de Montmartre. Foi a primeira mulher a expor o trabalho de jovens artistas e a única a se especializar em talentos emergentes. Os seus esforços levaram à descoberta de alguns dos maiores nomes da arte, que hoje conhecemos. Ela exibiu obras de Pablo Picasso, Aristide Maillol, Henri Matisse, André Derain, Raoul Dufy, Maurice de Vlaminck, Robert Delaunay, Diego Rivera, Amedeo Modigliani e Marc Chagall, entre outros, antes de se tornarem célebres. Também se empenhou em promover o reconhecimento de mulheres artistas, como Émilie Charmy, Hermine David, Alice Halicka, Jacqueline Marval e Suzanne Valadon. Com entusiasmo incansável e humor mordaz, aquela que os artistas carinhosamente chamavam “de la petite mère Weill “perseverou no apoio aos jovens artistas ao longo das quase quatro décadas de existência na Galerie B. Weill (1901–1941).
A exposição salienta a contribuição importante de Weill para a história do Modernismo, destacando as realizações notáveis dessa empresária indomável que enfrentou o sexismo e o antissemitismo para preservar a sua liberdade e autonomia.
Empréstimos Excepcionais e Obras da Colecção
A exposição foi organizada pelo Montreal Museum of Fine Arts, (MMFA), pelo The Grey Art Museum, New York University e pelo Musée de l’Orangerie, em Paris.
A mostra conta com empréstimos excepcionais de importantes museus europeus e norte-americanos, alguns dos quais são exibidos exclusivamente na apresentação de Montreal. Reunindo mais de 100 obras de 55 artistas, a mostra é composta principalmente por pinturas, mas inclui também esculturas, desenhos e gravuras.
Também são apresentadas obras da colecção do Montreal Museum of Fine Arts, (MMFA), incluindo dois retratos modernos de Berthe Weill que foram recentemente adquiridos: um de Émilie Charmy e outro de Édouard Goerg. Uma selecção de documentos de arquivo, como convites, catálogos de exposições, fotografias e cartas, destaca a importância da Galerie B. Weill e oferece uma compreensão mais profunda desse período artisticamente prolífico.
“Estamos entusiasmados em apresentar ao público do Quebec e do Canadá a primeira marchand de arte a dedicar a sua galeria exclusivamente à promoção de artistas emergentes, e em celebrar a sua profunda influência na história da arte. A exposição foi concebida em colaboração com o Grey Art Museum, New York e o Musée de l’Orangerie de Paris oferece uma rara oportunidade de mergulhar na vida e no legado dessa mulher ousada e visionária, que descobriu alguns dos maiores artistas da sua época – incluindo muitas mulheres. Obras de figuras de destaque da vanguarda do século XX, algumas das quais em exibição exclusiva em Montreal, lançam nova luz sobre o impacto duradouro dessa extraordinária pioneira”, afirma Mary‐Dailey Desmarais, curadora-chefe do MMFA.
“De origens modestas, Berthe Weill demonstrou um compromisso altruísta com o apoio a artistas emergentes. Ela apresentou ao mundo alguns dos maiores nomes da arte do século XX e defendeu muitos outros cujas obras merecem ser hoje mais reconhecidas. Num momento em que pesquisamos lançar as mulheres nas margens da história, esta exposição oferece uma oportunidade única de ver a arte extraordinária que passou pela galeria parisiense de Weill, ao mesmo tempo em que revela a sua história fascinante”, afirmou Anne Grace, curadora de arte moderna do MMFA e co-curadora da exposição.
“Esta exposição marca o ponto culminante de 15 anos de investigação. Finalmente, Berthe Weill está a receber o reconhecimento que merece – uma reabilitação tornada possível por meio de uma impressionante selecção de obras que passaram pelas suas mãos. Essas peças restauram o seu lugar de direito entre os grandes “marchands de arte” do mundo, após meio século de obscuridade. Para além de reconhecer o seu papel fundamental nos momentos áureos da era modernista, trata-se também de um acto de justiça reconhecer que o seu olhar apurado e dedicação inabalável ajudaram a moldar a sensibilidade artística da sua época. A sua vida é um exemplo poderoso de resiliência e independência – uma fonte duradoura de inspiração”, acrescenta Marianne Le Morvan, curadora convidada e fundadora do Arquivo Berthe Weill.
Theresa Bêco de Lobo